paulo salles

quinta-feira, 14 de abril de 2011

domingo, 2 de setembro de 2007

visite o meu blog

navega só o marinheiro

o barco uma noz

o mar um lamento

que sussurra ao vento

palavras

de uma secreta língua

-da terra esquecida

que já foi sua -

e que hoje,

nômades

como pensamentos

viajam livres

pelas tempestades e furacões

encantando as preces

e as sereias nuas

paulo salles

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

poema luminoso para ser lido contra o sol, em um deserto equatorial ao meio dia em ponto, quando não há sombras

sonhei com a Luz
ela iluminou
e perdoou
pelos óculos escuros
e todos esses muros

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Robson

tomei conhecimento de robson, quando as florestas atuais começaram e ele era apenas uma sementinha brotando, notei que era uma espécie completamente nova da família dos timóteos, que havia evoluído do que sobrou de uma era anterior. alguns pesquisadores que como eu acompanharam a descoberta atribuíram o seu aparecimento a um evento intermediário conhecido pela sigla LAO*, interrompido bruscamente pela ação predatória da espécie dominante de então, conhecida como conseqüências funestas do acordo mec/usaid (cofunaco-mec/usaid), catalogada no período das desgraças evitáveis de efeito qualitativo degenerante progressivo ou simplesmente AI5.

eu discordei, e ainda discordo, o evento intermediário foi apenas um dos aspectos formadores, tenho certeza que o desencadeou a sua gênesis maturou ainda na era dos espíritos, não tenho ainda as provas que atestem a minha certeza, o que causa uma certa desconfiança da comunidade científica mais ortodoxa.

hoje, observando a evolução de robson, o que faço com uma periodicidade regular, vejo que esta espécie é realmente singular, suas mutações são constantes saltos qualitativos, tenho a certeza que será matriz para novas espécies que virão transformar a face do planeta.

*Liceu de Artes e Ofícios

paulo salles

poema 16

manual de viagem

para viajar é preciso levar
um astrolábio que saiba beijar
e uma bússola que queira amar
um mapa só com nortes
um relógio sem ponteiros e numerais
uma fenda sem recortes
por onde se possa espiar
estrelas e notas musicais
uma garrafa de pensamentos voláteis
doze mexericas
duas ou três vozes estridentes
que alternem com a sua
em horários diferentes
manias p´ra perder na estrada
e uma saudade p´ra ajudar a encontrar
o que há do lado de lá
pouca ou nenhuma roupa
uma guia e um patuá

para itamar assumpção

paulo salles

poema 19

eu e o meu cão imaginário

froid, froid, froidiii

(*)

vem cá meu nego!
lindão
dá patinha!
para, para!
paraaaaaa!
ei! ...mas o que que é isso!
seu sem vergonha!
pilantra de uma figa!
eu já falei
não pode lamber meu ego
não pode babar meu sonho
não é pra virar meu lixo
está de castigo
até segunda ordem
não vai mais poder
beber da água
da minha privada grega

...e para de cheirar meu édipo!!

(*onomatopia de assobio – interpretação livre)

para marilise rosato de campos,que conhecí em viena em 1899

paulo salles

arthur

Muitas outras passagens memoráveis a seu respeito poderiam ser aqui relatadas, mas devido ao parco espaço, com certeza estarão na sua biografia (a qual estou compilando o terceiro volume), onde pretendo descortinar e revelar ao mundo uma das personalidades mais influentes, notórias e infelizmente desconhecida (devido principalmente à sua humildade desapegada, sincera e o amor à privavidade) do grande público.

nos conhecemos em berlim durante as guerras prussianas, a modéstia sempre o impediu de admitir que era ele a cabeça (pensante, entenda-se bem) por trás de bismarck, e que já havia também influenciado o pensamento goethe, shopenhauer e a arte de brahms.

cansado do mofo intelectualóide burguês da vida berlinense, me convenceu a militar com ele nas comunas de paris, onde diversas vezes salvou minha vida.

apesar da epopéia gloriosa, fomos derrotados, aprisionados e separados. mais uma vez Arthur demonstrou estoicismo e a profunda alma humanista que transformou nossas vidas e serviu de exemplo e inspiração aos nossos camaradas. influenciou a arte dos impressionistas, as notas de eric satie e debussy e o pensamento dos filósofos positivistas que daí sobreveio (apesar da sua veemente discordância relativa a aspectos ontológicos equivocados adotados pelos seus próceres).

hoje, Arthur é, depois de guilherme de orange, o único a conseguir invadir e conquistar a inglaterra, com a vantagem exclusiva e inaudita de não ter derramado uma só única gota de sangue ou destruído uma só nau da real armada e, apesar de ter prostrados de admiração diante de si a rainha, a câmara dos lordes e dos comuns, os fantasmas dos roling stones e as duas metades, antes separadas e agora unidas, de uma maçã verde, sua modéstia, despreendimento e simplicidade não sofreram abalos nem mossas, permanecendo impecáveis.

na sua humildade já era aguardado por merlin, isaac newton, william shakespeare e os cavaleiros de nii para um banquete a volta de uma mesa redonda sobre a qual pendia uma espada que agora lhe pertence.

paulo salles

joy

conheci joy, um bilionésimo de milionésimo de segundo após o big bang, quando o universo emergiu da explosão de uma pepita de energia concentrada, infinitamente pequena, densa, poderosa e multidimensional (treze dimensões para ser mais exato), onde quatro dessas dimensões se expandiram formando o espaço(altura, largura, e profundidade) e o tempo, as outras conhecidas cientificamente como alzira, iara, aruana, paloma, luz marina, celso, ignez, alba e francisco ficaram contidas em uma trama de pequenas cordas de interações múltiplas que vibram intensamente, formando o tecido que rege toda a matéria/energia do universo que então se criou.

foi uma surpresa, um reconhecimento, ficamos amigos inseparáveis e estamos desde então correndo juntos as ondas perfeitas de expansão que quebram sobre praias universais completamente inexploradas, descobrimos juntos em nossas viagens pelo espaço/tempo, armados das pranchas que roubamos do surfista prateado, que o universo se expande ao mesmo tempo que se contrai, que as distâncias são relativisadas, em cada dimensão, a quase nada e que tudo muda para que permaneça eterno.